segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Cultivo Yoko: aprendizado para a vida

Ao participar do Kensankai 2013, Fabio Mizobuti percebeu que sua vida mudou. Assimilou atentamente os ensinamentos passados nos dois dias do evento e, ao retornar à Bragança Paulista (SP), cidade onde reside, adotou com determinação o cultivo Yoko em seu cotidiano. No Kensankai de 2014, Mizobuti compartilhou suas experiências num bate-papo com a Família Yokonoen.

FY - Quando você começou a fazer o cultivo Yoko?

FM - Eu comecei a praticar após ter participado do Kensankai de 2013. Na ocasião, eu não conhecia nada de agricultura. Aprendi as técnicas da agricultura Yoko e comecei a praticar em casa. Comecei trazendo da Fazenda Yoko três mudas: tomate-cereja, cebolinha e cebolete (cebolinha grande.

Da esquerda para a direita: tomate-cereja, cebolinha e cebolete.

FY - Este foi o primeiro Kensankai que você participou. Quais foram as suas principais dificuldades no cultivo?

FM - No Kensankai eu aprendi a técnica de germinação das sementes em três fases pelo processo do Bloco Nai (bloco de muda). Na primeira etapa, as sementes germinam na areia úmida. Depois são passadas para a terra em formatos de blocos e, na fase seguinte, já se caracterizam como mudas de plantas. Na ocasião, eu usei uma terra de baixa qualidade, com pouco adubo orgânico. E assim o cultivo não foi tão produtivo. Tive insucessos no processo também em função da falta de irrigação e falta de sol. Durante a fase da técnica de germinação da areia, eu utilizei uma bacia de plástico muito rasa. Eu não sabia que a raiz cresce em média 10 cm, mas depois, com o tempo, passei a utilizar copos de 500 ml. Para a técnica do Bloco Nai eu reaproveitei caixas de embalagem longa vida. Funcionou, só que nesse Kensankai, anotei as medidas corretas, assim vou refazer e acredito que o resultado será melhor.

Fase 1 – germinação na areia | fase 2 –bloco nai | fase 3 – local definitivo.

FY - Quando você percebeu que a sua prática Yoko estava começando a dar certo?

FM - Após 6 meses eu comecei a entender as necessidades para o desenvolvimento das mudas. A fase mais difícil é a de germinação das mudas. Isso dura de 10 a 15 dias. Para transplantar leva de 30 a 40 dias. Depois que você coloca no vaso, a muda cresce mais fácil. Hoje eu tenho plantado chuchu, tomate, nabo, rabanete, cebolinha, cebolete, beterraba, cebola, rúcula, almeirão, couve, berinjela, batata- doce, pepino, abobrinha, alface de vários tipos e vagem. Algumas em fase de cultivo e outras em fase de consumo. Tudo num espaço de 40m2.

FY - Quais são as suas recomendações para quem deseja começar a praticar o cultivo Yoko?

FM - Comece aos poucos no vaso, com mudas de uma espécie e em pequenas quantidades de plantas. Assim é possível ganhar experiência para a expansão. Não desista quando ocorrerem contratempos. O objetivo é que possamos entender o funcionamento da natureza e assim entendermos melhor os designios de Deus. A agricultura é uma excelente forma de aprendizado.

FY - Qual aprendizado com o cultivo Yoko mais chamou a sua atenção?

FM - A paciência. A gente passa a entender que as coisas que não acontecem do jeito que a gente quer, no tempo que a gente quer. Cada planta tem sua particularidade. Fazendo uma analogia com as pessoas, a gente aprende a respeitar mais o próximo. Tudo o que acontece no cultivo das plantas, acontece na sociedade. Importante também é não julgar. Por exemplo, ao longo de minhas experiências, não tinha sucesso com o cultivo de tomates doentes e pensei em descartá-los. Ao ter a permissão de compreender o ensinamento daquela situação, persisti em torná-las fortes e saudáveis e assim aconteceu depois da mudança de meu sentimento. Para a natureza não existe feio ou bonito.

Nos vasos pretos, os tomates que seriam descartados tornaram-se fortes e deram frutos.